Pura Elegância - Capítulo 03

CAPÍTULO 3

Duas semanas depois...

Cena 1: Vila Paraíso. Zona Portuária. Rio de Janeiro. Apartamento 02.Sala.Interior: Manhã

Após arrumar e pintarem todo o apartamento, Helena conversa com Alexandre no café da manhã.

Helena – Finalmente, o apartamento todo arrumado. Teremos uma bela vista diária com o Museu do Amanhã e a Baía de Guanabara.

Alexandre – Pegamos o melhor apartamento, problema é a comunidade ao lado.

Helena – Pois é, pegamos um apartamento abaixo da nossa média, mas está bom. Eu conversei com alguns vizinhos e disseram que a Vila Paraíso não é tão perigoso.

Alexandre – Minha única preocupação é essa, mas enfim, estou de saída, vou dar uma caminhada.

Helena – Antes de você sair para caminhar, onde está a Charlene e o Marcelo? Não vi nenhum dos dois quando acordei.

Alexandre – A Charlene foi para a Vintage L’amour, ela foi chamada após entregar o currículo à duas semanas atrás, e o Marcelo foi para a biblioteca comunitária.

Helena – Que bom, vou ir trabalhar menos preocupada.

Alexandre e Helena se beijam e o casal saem de casa de mãos dadas.

Cena 2: Biblioteca comunitária da Vila Paraíso. Vila Paraíso. Zona Portuária. Interior: Manhã

Em uma das mesas da biblioteca, Marcelo tem a companhia de Tibério e os dois batem papo.

Tibério – Seja bem vindo a comunidade da Vila Paraíso. Espero que goste do condomínio que fica coladinho com a gente.

Marcelo – Obrigado querido. Qual é o seu nome?

Tibério – Tibério Salomão e seu?

Marcelo – Marcelo Soares. Hein Tibério, gostei dessa biblioteca.

Tibério – Aqui é um espaço ótimo para leitura, tem os melhores livros que nem as bibliotecas conceituais possuem.

Marcelo – Estou reparando que mesmo com uma estrutura mediana, recebe muitos visitantes. O povo daqui tem costume de ler livros?

Tibério – Marcelo, vamos ser sincero, você acha mesmo que o povo da comunidade gostar de ler livros? É ruim hein, aqui o povo gosta de cair no samba, beber uma gelada, sair para os bailes charme, flashbacks na quadra da Vila Paraíso. Finais de semana, praia, pegar um bronze na laje. A biblioteca é um lastro de classe daqui, só estudantes de colégios particulares tem acesso, isso se não for de nossos arredores.

Marcelo – Entendi, bom vou sempre frequentar a biblioteca, gostei desse espaço.

Tibério – Amanhã te levarei a comunidade para conhecer o nosso povão.

Marcelo – Calma, assim eu fico doido com tanta informações.

Tibério – Relaxa, estar comigo é estar com Deus.

Marcelo e Tibério conversam na biblioteca e dão boas risadas.

Cena 3: Motel Stylus. Olária. Zona Norte. Quarto. Interior: Manhã

Após uma noite intensa de sexo, Gabriel leva o café da manhã na cama para Marcella.

Marcella – Obrigado meu amor, está me deixando mal acostumada hein?!

Gabriel – Quero agradar minha amada. E ai, vai pegar no batente?

Marcella – Infelizmente, e ainda, tenho que aturar o estorvo do Bruno.

Gabriel – Não sei como você aguenta esse moleque mimado.

Marcella – Só estou com ele pela grana, se soubesse que tirei dezoito milhões do bolso dele...

Gabriel – Como assim? Me conta isso!

Marcella – Fiz algumas aplicações financeiras com o dinheiro dele. Como a nossa conta é conjunta, descolei uma grana para ter um detetive e um auditor dentro da empresa deles.

Gabriel – E o que você descobriu? Pode ter certeza que coisa boa, não é.

Marcella – Eles fizeram depósitos altíssimos para o motorista Felício Queiroz. O burro está sendo investigado pelo Coaf por ter sacado quase noventa e seis mil reais. Sem contar que teve várias movimentações na conta do banco e o total chega à um milhão. O Guilhermo está envolvido em corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, obstrução de justiça, pedaladas fiscais. E ainda, compraram irregularmente um sítio em Atibaia e venderam um tríplex no Guarujá.

Gabriel – Esse cara é um monstro, você precisa urgentemente romper o noivado.

Marcella – Só vou romper o noivado, quando estiver com o dossiê completo da Família Cortez.

Gabriel – Amor, deixa isso para lá, é perigoso. Você mexendo com peixe grande.

Marcella – Peixe grande que está ameaçado em minhas mãos. Fique tranquilo, está tudo sob controle.

Marcella acalma Gabriel, tascando um beijo e os dois vão para debaixo do edredom.

Cena 4: Feira de São Cristóvão. São Cristóvão. Rio de Janeiro. Estande Pernambucana. Interior: Início da tarde.

Na estande pernambucana, Vânia se preocupa com a demora de Gabriel e Cláudio acalma.

Vânia – Cadê Gabriel? São meio-dia e nada dele aparecer.

Cláudio – Ele deve está preso no engarrafamento. Você sabe, que o trânsito no Rio de Janeiro é ruim.

Vânia – Gabriel era para ter chegado aqui, para ficar na estande. Agora farei compras do mês, só amanhã.

Cláudio – Sobre as compras, fique tranquila, consegui uma cesta básica para o mês todo.

Vânia – Amor, sinto muito, mas não aguento mais pegar cesta básica. Trabalhamos e batalhamos para ter comida em nossa mesa. Não dá para viver só disso.

Cláudio – Vânia você está muito nervosa, vamos preparar o caldo para os clientes.

Vânia e Cláudio preparam caldos para os clientes.

Cena 5: Mansão da Família Cortez. Recreio dos Bandeirantes. Rio de Janeiro. Sala de estar: Início da tarde

Após despistarem da polícia e imprensa argentina, Bruno e Guilhermo chegaram no Rio de Janeiro e falam sobre os negócios.

Guilhermo – Bando de carniceiros, nosso nome estampado em tabloide na página policial.

Bruno – E você esperava o que? Você matou Juan, e pode ser um dos principais suspeitos.

Guilhermo – Não repita isso novamente, vai que um dos empregados escuta nossa conversa.

Bruno – Então, fique alerta e para de fazer besteiras. Agora, você será alvo fácil dos policiais.

Guilhermo – Inferno, Felipe era para ser discreto (...)

Bruno – Você pediu para o Felipe entregar a bomba? Não acredito que você cometeu essa burrice.

Guilhermo dá um forte tapa na cara de Bruno e diz:

Guilhermo – Da próxima vez que ousar em me chamar de burro ou subestimar minha capacidade de executar meus planos, o próximo a conhecer do diabo de perto será você.

Bruno se retira da sala revoltado com Guilhermo.

Cena 6: Supermercado Guarani. Ramos. Rio de Janeiro. Interior: Tarde

No supermercado, José e Sarah discutem o preço da carne.

Sarah – Um filé mignon quarenta reais? Não compro!

José – Daqui a pouco, você vai impor dieta vegana para os familiares Soares Fernandes.

Sarah – Querido, não é impor dieta vegana, já viu o preço da carne? Está muito caro.

José – Compra o mais barato, o pessoal quase não fica em casa.

Sarah – Temos que fazer um almoço e jantar refinado para eles.

José – Você só pensa neles, incrível!

Sarah – Claro que penso neles, é o nossos patrões!

José e Sarah continuam discutindo os preços.

Cena 7: Loja Desportiva Express. Copacabana. Rio de Janeiro. Interior: Tarde

Murilo se distrai o notebook e toma um susto com a chegada de Luciano.

Murilo – Que susto, quer me matar do coração, Luciano?

Luciano – Matar o senhor, não é a minha meta.

Murilo – Você tem andado cheio de gracinhas, o que você quer?

Luciano – Eu vim te convidar para irmos no barzinho da esquina, mas pelo visto você está preocupado com outras coisas.

Murilo – Só estou analisando as finanças da Vintage L’amour.

Luciano – Você precisa relaxar, pegar umas novinhas, cair na balada (...)

Murilo – Minha meta não é essa, prefiro meu trabalho do que curtição.

Luciano – Bom, estou de saída, amanhã tenho ensaio técnico na quadra da Vila Paraíso.

Murilo – Te desejo boa sorte amigo.

Luciano deixa a loja e Murilo continua analisando as finanças da Vintage L’amour.

Cena 8: Vintage L’amour. Barra da Tijuca. Zona Oeste. Rio de Janeiro. Interior: Tarde

Ao chegar na Vintage L’amour, Charlene é recebida por Francyanne.

Francyanne – Quem é a senhorita?

Charlene – Charlene Soares (…)

Francyanne – O departamento pessoal realmente não tem um bom senso. Enfim, sou uma das assistentes da Edna, as outras concorrentes as vagas foram rejeitadas. Basta fazer um bom trabalho e ser eficiente que consegue emprego em qualquer lugar.

Charlene – Fiquei interessada neste cargo, mas uma pergunta, quem é Edna?

Francyanne – Vou fingir que não ouvi isso. Edna é a dona disso tudo aqui, foi sete vezes eleita a símbolo sexual do Brasil, recebeu cinquenta prêmios como Empresária do ano. Não saber quem é ela, é no máximo, enterrar a carreira para sempre.

Charlene fica chocada e o Francyanne recebe mensagem no celular e grita:

Francyanne – Pessoal, Edna está chegado.

Ferdinanndy – Ela não iria chegar mais tarde?

Francyanne – Vai entender a patroa.

Na escadaria, Ferdinanndy anuncia:

Ferdinanndy – A diaba que veste prada está chegando, se posicionem.

Edna deixa o carro, passa a catraca e chega no saguão sendo ovacionada pelos empregados. Em sua sala, a madame pergunta a Francyanne:

Edna – Conseguiu entrar em contato com a TV Globo?

Francyanne – Consegui, eles emitiram uma nota para a imprensa, dizendo que não renovaram contrato com o autor Aguinaldo Silva.

Edna – Uma pena perder um dos cristais da dramaturgia brasileira, se o texto da novela O Sétimo Guardião não fosse medíocre, ele continuaria na Globo. Quem é ela ali?

Francyanne – Uma jovem em busca de oportunidade, só falta avaliar o perfil dela.

Francyanne deixa a sala e Edna fica a sós com Charlene.

Cena 9: Vintage L’amour. Barra da Tijuca. Zona Oeste. Rio de Janeiro. Interior: Tarde

Sem jeito, Charlene se aproxima de Edna, que faz perguntas a jornalista:

Edna – Quem é você? De onde veio?

Charlene – Sou Charlene Soares, vim de Minas Gerais para conseguir emprego como assistente. Fui indicada por uma agência de empregos.

Edna – Interessante, tem alguma formação acadêmica?

Charlene – Me formei na Faculdade de Jornalismo Roberto Marinho. Já entrevistei Hebe Camargo e outras estrelas da TV Brasileira. Mais alguma informação?

Edna – Não, não precisa!

Edna repara Charlene e diz:

Edna – Você tem muitas qualidades, mas um monte de coisas te estraga, essas roupas de ponta de liquidação, tênis cropped, cabelo sem brilho. Não é feia, mas precisa explorar a beleza que tem. Se quiser conseguir emprego num departamento de luxo, terá que renovar o guarda roupa.

Charlene – Mas senhora (...)

Edna – Não me chame de senhora, fico irritada com tanta formalidade.

Charlene – Dona Edna, farei tudo que você me solicitar. Me esforçarei.

Edna – Ótimo, quero você aqui amanhã, teremos treinos, laboratórios para conhecer todos os produtos. Nove e meia da manhã, quero você plena na minha frente.

Charlene – Ok, retornarei aqui amanhã.

Charlene deixa a sala. Sozinha, Edna diz para si mesma:

Edna – Se prepare amada, o joguete está apenas começando

A vilã da uma gargalhada de deboche e promete infernizar a vida de Charlene.

Fim do Capítulo.