top of page

Conquistando o Impossível - Capítulo 04

  • Foto do escritor: The Open Door
    The Open Door
  • 18 de abr. de 2024
  • 19 min de leitura


Web novela criada e escrita por: 

Ricky Nascimento


CAPÍTULO 4: "DIA ‘D’: DESTRUIÇÃO E CAOS, PARTE 1"


No capítulo anterior:

Após conhecer Andressa, Biano tem a bicicleta roubada. Silvia questiona João Mauro que insiste em ir para São Paulo, mesmo com a situação de Narinha. Javi fica preocupado com Davi, que dorme profundamente no sofá, ele fala com a mãe Natália pelo telefone. Heitor pede ajuda ao primo para morar no Rio. Deusa diz que ama Gael. O Pastor Marcos e a missionária Tânia chegam em Morro Blanco, mas são confrontados por Dentinho e Navalha. Mauro conforta Silvia. Os Bads iniciam o tão aguardado dia “D”. 

Fique agora com o capítulo de hoje…


CENA 1/CENTRO/PREFEITURA MUNICIPAL DO RIO/NOITE/EXT.


Manu faz uma movimentação e vai até os colegas que atacam a prefeitura. Os seguranças do local tentam se defender efetuando disparos. Diogo dispara contra eles com um revólver, enquanto os outros picham as paredes da prefeitura com palavrões e ofensas ao Estado e exaltação ao nazismo. Eles escutam sirene de emergência como se a polícia estivesse próximo. Manu joga o molotov, e ele se explode à frente da porta do local fazendo uma cortina de fogo. Manu grita e gargalha satisfeita, ela nem percebe que a situação está prestes a sair do controle. Diogo grita e manda todos fugirem, para evitar confronto policial. Todos saem correndo, menos Manu que joga pedras no local, enquanto o som de sirene fica mais alto. Luigi sente falta dela e olha para trás e retorna correndo, ele chega até Manu e sacode ela.


LUIGI (DESESPERADO) - Manu! Corre! A polícia! Vem…


MANU (DESPERTA DO ÊXTASE DA AÇÃO, E OLHA PARA O BARULHO QUE ESTÁ ENSURDECEDOR, A VIATURA VIRA A ESQUINA, ELA GRITA E COMEÇA A CORRER) - Merdaaaa!  


A viatura persegue eles correndo na pista. 


MANU (DESESPERADA) - Merda, não posso ser presa!


LUIGI (OFEGANTE) - Corre, corre muito. 


A viatura está próximo a eles ouve-se um estampido. Luigi trava a perna e para. No momento que Manu olha para trás a polícia para a viatura e prende Luigi.


MANU (CORRE MAIS RÁPIDO, SEM OLHAR PARA TRÁS) - Merda, merda, merdaa!


Ela escuta um assobio forte, olha para os lados e vê que Paula a chama escondida na escuridão de um beco.


PAULA (FAZ SINAL COM A MÃO) - Vem, Manu!

 

Diogo aparece na penumbra.


DIOGO (SÉRIO) - Vem logo Manlu! Vem!


Manu vai até eles.


MANU (DESESPERADA) - Temos que ajudar o Lui, ele foi pego. Temos que ajudá-lo.


DIOGO (BRAVO) -  Não! Ninguém vai ajudar ele, quem mandou ele retornar. Foi embecil agora que se responsabilize.


PILAR (ARREGALA OS OLHOS) - Como assim “Ele que se responsabilize”? Que porra de célula é essa que um dos nossos é pego, e você simplesmente deixa ele se ferrar? E se fosse eu? A Paula? Você irá deixar a gente se ferrar nas mãos dos canas! Ia?


MANU (FRUSTRADA) - Claro que sim, nosso “chefe” só pensa nele.


Manu sai andando para dentro do beco. Todos seguem Manu, reprovando a atitude de Diogo. 


DIOGO (GRITA) — Vocês queriam o quê? Que eu me metesse no meio e me entregasse para os canas? É isso…


RÔMULO (TOCA-LHE NO OMBRO) - É meu irmão, vacilou… 


Ele segue os amigos. Diogo fica frustrado e vai atrás deles. 


Ali perto a viatura sai em alta velocidade e foca em Luigi chorando no banco de trás algemado. 


Corta para…


CENA 2/PASTELARIA MEXICANA MARTINEZ/SALÃO/NOITE/INT.


O local está quase vazio está perto da hora de fechar Amélia leva algo para o cliente, ela está com ar de preocupação. Ela chega até a cozinha, Bryan come um hambúrguer grande com muito ketchup e mostarda. Pacco e Bianca guardam algo na dispensa. 


AMÉLIA (PREOCUPADA) - Cadê esse chavo! Já faz mais de 3 horas que saiu e não voltou… estou bem preocupada. Bryan vai dá uma voltinha por aí para ver se o encontra. Por favor… 


BRAYAN (REVIRA OS OLHOS) - Ai não madre, já fui três vezes e nada dele. Deve ter pegado o dinheiro das entregas e ter gastado com besteiras. 


PACCO (APARECE NA COZINHA JUNTO COM BIANCA) - Se ele tiver feito isso, eu não me responsabilizo pelas minhas atitudes. Onde já se viu, pegar o dinheiro do nosso suor e gastar com bobagens, ele nem é louco pra fazer uma barbaridade dessas. 


AMÉLIA (REVIRA OS OLHOS) - Se ele tiver feito isso eu mesmo, parto lhe as fuças! 


BRYAN (GARGALHA, VIBRA) - Adoro quando minha mãe fala o português nativo com ênfase nas gírias. Minha Brasixicana preferida. 


Ele vai até a mãe abraça

-a e a beija. Ela afasta ele estressada. 


Na frente do estabelecimento Biano para e olha para dentro, ele engole em seco, está cabisbaixo, ele suspira fundo e entra no local. Passa pelos poucos clientes e adentra direto pela cozinha. Todos viram os rostos para ele. 


AMÉLIA (CHATEADA) - Donde estavas, Chavo!


Todos aguardam a resposta. Biano engole em seco, Biano sorri nervoso e anda pelo local, tentando arrumar uma desculpa. 


BIANO (TENSO, TENTANDO DESCONVERSAR) - Mãe, estou faminto, tem algo para comer sobrou uns tacos ou tortillas? 


PACCO (DESCONFIANDO) - Fabiano, cadê o dinheiro das entregas, me entregue. Por favor. 


Biano fica de costas para o pai. Ele treme, e novamente engole em seco. 


PACCO (BRAVO) - Mira-me Biano, ou eu entorto seu pescoço ao contrário. Ahora! 


Biano vira para ele. Pacco estende a mão, está sério e com as pupilas dilatadas. 


BIANO (NERVOSO) - É que eu não tenho. 


BRYAN (SOLTA UM RISINHO FORÇADO E RÁPIDO, BRAVO) - Deve ter gastado com besteiras no caminho. 


Biano parte para cima de Bryan mas Pacco, impede-o.


BIANO (BRAVO, GRITA) - Não fale o que você não sabe… cale-se! 


PACCO (EMPURRA BIANO, ESTENDE A MÃO) - Da-me o dinero, por favor…


Biano fica tenso e nervoso, desce uma lágrimas dos olhos. 


AMÉLIA (INTERVEM) - Calma Pacco, você não pode se exaltar, olha a pressão, por favor.


PACCO (PEGA ELE PELA GOLA DA CAMISA E PUXA -O PARA PERTO, GRITA) - O dinero, Fabinho! O Denero! 


BIANO (CHORANDO) - Eu não tenho padre…


No momento que Pacco ergue a mão para agredi-lo.


BIANO (SOLTA, GRITA) - Eu fui roubado, pai, entendeu, me assaltaram. 


Todos arregalam os olhos. Pacco congela a mão no ar, arregalando os olhos. Foco em Biano protegendo o rosto. 


________

ABERTURA

 


Amélia corre até ele e abraça-o vira ele para o lado e outro para ver se tá ferido. 


AMÉLIA (PREOCUPADA) - Santa Virgen de Guadalupe! Usted estas bien? Estás herido? 


BIANO (CHORANDO, MENTE) - No madre, foi horrível! O Cara me colocou uma arma na cara, eu não tive escolha, entregue tudo para ele. 


BIANCA (PASMA) - Até nossa bicicleta? 


BIANO (NERVOSO AOS PRANTOS) - Sim minha hermana até a bike levaram. 


AMÉLIA (CHOCADA) - Dios Mio! Que horror! 


Pacco que até então estava ao lado pensativo vem até ele entrando na frente de Amélia. 


PACCO (DESCONFIADO) - No está mintiando no, estas? 


BIANO (JURANDO FALSAMENTE) - Juro pela virgizinha de Guadalupe, padre.


Pacco abraça o filho. Ele fica sem entender. 


PACCO (EMOCIONADO) - Que bom que mi hijo querido está bein. Que bom! 


Biano fica desconcertado, mas, aliviado. 


Bryan olha para ele apertando os olhos, soltando olhares duvidosos. 


Corta para…


CENA 3/CASA DOS MARTÍNEZ/SALA DE ESTAR/NOITE/INT. 


Todos entram em casa. Amélia conforta o filho, e beija-o no rosto. 


AMÉLIA (ERGUE AS MÃOS PARA O CÉU E DEPOIS PARA SANINHA QUE ESTÁ NO CÔMODO DA SALA) - Graças a Dios e virgenzinha de Guadalupe, você está bem, mi hijo! 


Bryan olha para ele desconfiado. 


BIANCA (SENTANDO NO SOFÁ E TIRANDO OS SAPATOS) - Que barra em, meu mano. Eles poderiam ter te matado. Cruzes. 


PACCO (TIRANDO SUA CAMISA DE TRABALHO) - Foi só um prejuízo material de uns 200 reais, fora a bicicleta… mas tudo bem, mi hijo estando bem, nós recuperando, o importante é que eles não fizeram nada com você… a propósito, era em quantos? 


BIANO (FRANZE A TESTA, CONFUSO) - Quantos o quê, padre? 


PACCO - Os bandidos que te roubaram, eram em quantos? 


BRYAN (ENCARA-O, DESCONFIADO) - É, meu mano, em quantos? 


Biano solta um olhar sério para Bryan que nem pisca. 


BIANO (BAIXA O OLHAR) - Hã, dois ou três, nem lembro… fiquei tão nervoso que até esqueci. 


BRYAN (SORRI, ENCARANDO-O DE BRAÇOS CRUZADOS) - Esqueceu? Que eu me lembre, você disse que foi só um, agora está dizendo que são três? 


AMÉLIA (SERIA) - Basta! Vamos deixar isso para lá, estamos todos cansados, vamos descansar. E deixa de infernizar seu irmão, Bryan. 


Bianca corre para o banheiro. 


BIANCA (ABRINDO A PORTA) - Eu vou primeiro. 


Fecha-se a porta. Amélia se dirige ao quarto, logo Pacco vai atrás. Bryan continua encarando o irmão, Biano ignora e também vai para o quarto, que divide com ele. Bryan vai atrás, ele entra e fecha a porta atrás de si. 


BRYAN (APERTA OS OLHOS) - Confessa que é verdade que você gastou o dinheiro das entregas com besteiras, confesse! 


BIANO (REVIRA OS OLHOS) - O que você quer que eu fale? Que eu minta? 


BRYAN (ENCARA-O) - Pelo amor de Dios, Güey. Vai mentir para mi, que soy tu hermano desde pequeño, que nos conocemos. O padre y madre pode até cair nessa sua conversinha fiada, eu te conheço, mais do que você imagina. 


BIANO (REVIRA OS OLHOS, INCOMODADO) - Não me amola, wey! Pinche!


Bryan encara-o bravo. 


Corta para…


CENA 4/MORRO BRANCO/CASA NOVA DOS JESUS/NOITE/INT. 


Tania está na sala, ela arruma alguns retratos pessoais e da família na parede, Marcos vem até a sala, vestido como se fosse sair. Tania olha para ele, e fica sem entender. 


TANIA (CONFUSA) - Vai aonde vestido assim, pensei que já fosse para cama. 


MARCOS (SÉRIO) - Vou na guarita do cara lá, temos que ser obediente a lei dos homens, e temor do Senhor.  


TANIA (ARREGALA OS OLHOS) - Quê? como assim, meu bem. Você não deve satisfação nenhuma aqueles bandidos. 


MARCOS (TRANQUILO) - Meu bem, vou lá sim, pois não quero problemas com eles, vim aqui para evangelizar e vou fazer isso, eles querendo ou não, só vou lá para deixar claro, e Jesus vai Comigo. 


TANIA (TENSA) - Você tem certeza, querido? Eu não iria me encontrar com bandido nem se fosse de manhã, imagina a essa hora da noite. 


MARCOS (TRANQUILO PEGA NAS MÃOS DA MULHER) - Meu bem, esqueceu do nosso propósito? Temos que pregar a palavra para todos independente de fuzil ou revólver. Temos que fazer o ide de Deus… e quantas vezes já pregamos e conversamos com bandidos?


TANIA (DESCONCERTADA) - É meu amor, inúmeras vezes, mas sabe que o inimigo é traiçoeiro, eu tenho temor…


MARCOS (SERENO) - Relaxa e só confiar, quem nos garante é Deus. Vou com coragem e fé.


TANIA (SORRI) - Vamos…


MARCOS (ERGUE A SOBRANCELHA) - Hã, não. É melhor você ficar aí…


TANIA (SÉRIA E TRANQUILA, APERTA SUAS MÃOS E ERGUE-AS) - Nada disso, pastor Marcos… Vou sim, e em espírito de oração, para que Deus nos guarde. Espera só um pouco que vou me trocar. 


MARCOS (FRANZE A TESTA) - Ok. E a Laine? 


TANIA (SE DIRIGINDO AO QUARTO PASSANDO PELA A MULTIDÃO DE COISAS QUE ESTÁ ESPALHADAS PELA SALA) - Fui ao quarto que ele escolheu e vi que ela dormia em cima do colchonete, aí não quis acordar, coitadinha estava cansada, e eu também estou exausta, mas tenho que pelo menos acabar essa sala hoje… Um minutinho, meu amor…


Marcos separa a mulher se trocar. 


Corta para… 


CENA 5/GUARITA-LAJE/NOITE/INT. 


Escuta-se funk ostentação, Navalha e Dentinho estão bebendo e curtindo com umas garotas novinhas. Armas, cigarros e drogas fazem parte do local e a fumaça toma conta. 


DENTINHO (CUTUCA NAVALHA) - Será que os crentelhos irão vir aqui? Aquele pastor é marrento, não gostei dele. 


NAVALHA (TERMINA DE BEIJAR UMA GAROTA QUE ESTÁ EM SEU COLO) - Meu irmão, se ele não vir, eu vou buscar na marra, ele pensa que é o que? Tem que seguir o fluxo, mermão! 


Ele volta a beijar a moça fogosamente. Aparece o Pastor Marcos e a Missionária Tânia no local, eles se sentem mal de está ali, mas não se deixa transparecer indignação. Tania sussurra no ouvido de Marcos. 


TANIA (INDIGNADA) - Olha onde esse povo se mete, Jesus… servindo ao diabo com todas suas forças, que local desprezível. 


MARCOS (SUSSURRA) -  Mas é isso mesmo, missionária. Cada um serve o que quer, eles não conhecem a Deus. 


HOMEM (ABORRECIDO) - Coé, pastorzinho? Aqui não é lugar de pregação não, nem púlpito, vaza! 


Navalha ouve tudo levanta e vai até eles.


NAVALHA (BRAVO) - Coé, Peruca! Respeita o pastor, ele é meu convidado de honra. 

 

Ele rir e passa o braço por cima dos ombros do pastor Marcos, que arranca-os rapidamente. 


Navalha ignora e arrasta o pastor para dentro do local, abraçando-o novamente, desta vez Marcos não reage. Tânia vai atrás, evitando encarar todos aqueles olhares selvagens de homens para ela. Navalha chega até a cadeira que estava sentado, pega uma cerveja e abre e entrega para o pastor. 


NAVALHA (SORRINDO) - Relaxa pastor, senta e toma uma com a gente. 


Ele puxa a morena do lado a força e a beija. 


MARCOS (SÉRIO, SEM OLHA PARA A CERVEJA) - Obrigado, não bebo. 


NAVALHA (ENTREGA PARA TÂNIA) - Mas a madame curte né uma cervejinha. Sei que curte, está na sua cara. 


Tania despreza ele, e vira o rosto. 


NAVALHA (CHATEADO) - Iiiii! Pelo jeito educação não vem de berço. Devia ser mais educada, madame. 


MARCOS (INTERVÉM) - Ela não bebe, nossa fé não permite. 


Navalha gargalha alto juntos com outros companheiros. 


NAVALHA (SORRINDO) - Você é bem engraçado Pastor… (faz cara de quem quer saber seu nome) 


MARCOS (ENCARANDO-O) - Marcos. Pastor Marcos Jesus. 


NAVALHA (GARGALHA) - Sobrenome conveniente, não. 


MARCOS (ENCARANDO-O) - Sobrenome que recebi dos meus pais. Se for assim, pode ser conveniente… mas diga-me, por que nos chamou aqui? Preciso voltar para minha casa. 


DENTINHO (ERGUE-SE) - Calma irmão, só vamos conversar, passar umas regrinhas que todos da comunidade sabem. 


NAVALHA (SORRI) - Isso aí, pastor… é isso aí…


Marcos e Tania se olham sérios. Navalha encara-os.


Corta para…


CENA 6/TERRENO BALDIO/NOITE/INT. 


Mostra - se um galpão no meio do terreno baldio. Paula, Diogo, Pilar, Manu, Rômulo, Kaik e Nada entram no local. Manu está com raiva e chuta uma garrafa que voa longe. 


MANU (BRAVA) - Ahhhh! Merda! Merda! Deu tudo errado… 


DIOGO (GRITA) - oh, oh! Mau entrou na célula, já quer sentar na janela é Manu! Aqui você não tem direito de dar chilique não. 


PILAR (CHATEADA, INTERVÉM) - Peraí, mermão! Ela é uma membra da célula, então ela tem o direito sim de ficar com raiva, e como ela, todos nós estamos com ódio dessa sua atitude “amiga”, querido Diogo.


PAULA (REVIRA OS OLHOS) - Calma gente, iremos pensar em algo para libertar o Lui…


DIOGO (BRAVO) - Ninguém vai fazer nada para liberar aquele imbecil, ele que vacilou e se deixou ser pego. 


Manu parte para cima dele, mas Nanda a segura. 


MANU (GRITA NA CARA DE DIOGO, QUE FICA PARADO DE BRAÇOS CRUZADOS) - Você é um lixo Diogo, quem te colocou como Líder? Você é babaca egocêntrico. 


PILAR (CUTUCA O DESAFETO) - Ninguém. Ele que se auto-intitulou. 


DIOGO (DESVIA DE MANU VAI PARA CIMA DE PILAR) - Sua vagabunda…


PAULA (ENTRA NA FRENTE DOS DOIS, FOCA NOS OLHOS DELE) - Para bater em minha namorada, terá que bater em mim primeiro! 


PILAR (BRAVA, GRITA) - Deixa ele pensar que tenho medo dele. Hahah… Coitadinho de você Diogo… ninguém te suporta! Todos aqui só te toleram, não sei o por quê? Você é um saco, um porre de pessoa! Falar isso para ti até me cansa sabe, pois você é tão insignificante (ergue uma madeira do chão) tão quanto esse pedaço de pau.


Diogo ergue as mãos para agredir Pilar, Paula entra novamente entre os dois. Diogo encara Paula sério, com as mãos levantadas em posição de superioridade. Ele encara os olhos de Paula, há muito rancor no olhar de Diogo, mas logo um amor involuntário surge. 


PAULA (SÉRIA) - Vai me bater, Diogo? 


Diogo treme e cai uma lágrima em seu rosto. Ele baixa a mão e sai dali rapidamente chutando tudo que vê pela frente, Rômulo vai atrás. 


Corta para… 


No lado de fora do galpão… 


Vê-se a penumbra do ferro velho, vários carros estão abandonados ali, velhos e sem utilidade. Diogo grita no meio da noite, Rômulo chega até ele. 


RÔMULO (PREOCUPADO) - Está tudo bem cara? Quer conversar… 


DIOGO (AOS PRANTOS E AO MESMO TEMPO RAIVA) - Me deixa Rô! Me deixa! 


RÔMULO (TOCA NO SEU OMBRO) - Mano, aquilo que a Pilar disse não é verdade, não em tudo… Claro que você é complicado, mas quem conhece sua história sabe o por que você é assim. 


DIOGO (VIRA-SE PARA ELE) - Me deixa sozinho cara! Me deixa! 


Diogo grita. E dar socos leves no amigo. Rômulo puxa ele para um forte abraço. 


DIOGO (CHORA COMO UMA CRIANÇA) - Como eu a amo, eu amo essa garota de mais, Rô! 


RÔMULO (TRISTE, EMOCIONADO) - Eu sei, irmão, eu sei…


Corta para dentro do galpão…


MANU (TENSA) - Temos de pensar num jeito de tirar o Lui da prisão. 


KAIK (BRAVO) - Não estou gostando nada de você está tão preocupada com o imbecil do Luigi! O que tá rolando Manu? Está querendo o moleque é? 


Manu parte para cima dele, Nanda segura-a novamente. 


MANU (BRAVA) - Ele salvou minha pele, está lá por minha culpa… ele é menor, ele pode ser jogado numa Febem por aí. 


KAIK (SOLTA UM SORRISO) - Antes ele, do que você.


PILAR (INTERVÉM GRITANDO) - Que babaca, onde você ficou tão insuportável Kaik? Hein! Cala essa boca, pelo menos ele foi tentar ajudar a amiga, já que o namorado dela pouco se importou.


KAIK (EXALTADO) - Você não sabe o que fala, Pilar! Eu nem a vi, para começo de conversa… 


PILAR (REVIRA OS OLHOS) - Claro. Você não vê nada abaixo do nariz… ego inflado, igual o do outro lá… 


PAULA (GRITA) - Chega, os dois! Pilar amor, não coloque mais lenha na fogueira pelo amor de deus! 


PILAR (REVIRA OS OLHOS) - Tá eu me calo. Pronto. 


PAULA (A TODOS) - Gente, o melhor que nós fazemos é irmos para nossas casas e dormimos. Amanhã nos reuniremos e veremos um jeito de livrar o Lui dessa.


Todos concordam. 


Corta para… 


 CENA 7/MANSÃO CORRÊA/SALA/NOITE.


Evaristo está em sua poltrona relaxado, sua cadeira de rodas está ao lado. Ele mexe no celular. Luxo entra no local carregando umas sacolas, logo em seguida entra vários rapazes trazendo mais e mais sacolas de compras. Evaristo fica chocado no que vê. 


LUXO (ORDENANDO OS MENINOS) - Subam por favor e deixem no primeiro quarto à esquerda. Vá! Vá! 


EVARISTO (CONFUSO) - O que significa isso? Suas milhares de peças de roupas que tem no seu armário, deu cupim? 


LUXO (GARGALHA) - Xuxuco. Seu senso de humor é deliberadamente contagiante. 


Ela vai até o velho e joga-se nos braços do homem. E o beija. 


LUXO (SORRIDENTE) - Passei no shopping e fiz umas comprinhas…


EVARISTO (OLHA OS RAPAZES SUBINDO COM AS SACOLAS) - “Comprinhas”? E quem você acha que vai pagar isso? Você? 


LUXO (LEVANTA RAPIDAMENTE, REVIRA OS OLHOS) - Aí Eva, não sabia que você era tão mesquinho assim. Foi só uns presentinhos, nunca tenho esses luxos. 


EVARISTO (ARREGALA OS OLHOS) - Nunca? Pelo amor de deus… seu nome nem é mais Donatela e sim Luxo, pelo o excesso de compras que faz por mês em lojas granfinas. Quer me levar à falência, querida? 


LUXO (VENDO OS RAPAZ DESCENDO ELA VAI ATÉ A PORTA E FECHA, QUANDO SAI O ÚLTIMO) - Para Eva, que conversa é essa de falência, desde quando Evaristo Corrêa entraria em falência?


EVARISTO (TENSO) - Desde quando os negócios estão em declínio Luxo, estamos à beira de um colapso na rede de hospitais, já vendemos o Pedro II para o governo estadual, e não sei como será com os outros. Estou vendo tudo indo por água abaixo e você fazendo esses gastos exacerbados.  


LUXO (TRANQUILA) - Relaxa meu bem, vai dar tudo certo. Desde sempre você se queixou de possível falência, e nunca veio, então não virá tão cedo. Onde já se viu Evaristo Corrêa falir. Hahaha. 


EVARISTO (SÉRIO) - Agora é sério Luxo, provavelmente você vai voltar a viver no subúrbio carioca, voltar lá para Nova Iguaçu sua cidade natal. 


LUXO (ARREGALA OS OLHOS, PEGANDO DAMA NO COLO E APERTANDO) - Deus me livre, voltar a morar naquele subúrbio, vai jogar praga em outro. Credo. Santa Maria das madames desamparadas! Sai dele, espírito da pobreza! 


Eles se olham sério, a porta principal se abre, é Josean (SÉRGIO MARONE) entra junto com Mara (DÉBORA FALABELLA). 


JOSEAN (SORRINDO) - Boa noite família. 


Luxo sorri, Evaristo desvia o olhar.


EVARISTO (SÉRIO) - Onde estava, Maravilha? A essa hora na rua? 


MARA (SORRI, OLHANDO PARA JOSEAN) - Fui dar um passeio com Josean, fui ao shopping e depois ao cinema. 


Ela olha interessada para ele, Josean e Luxo tem um rápido olhar de conexão.


EVARISTO (DESCONFIADO) - Está muito próxima do irmão de Luxo, né filha? Ele está temporariamente morando com a gente e está procurando emprego né, José? 


JOSEAN (SORRI, FORÇADO) - Josean seu Eva, Josean. E sim, mas está complicado trabalhar na minha área. Não encontro emprego em lugar nenhum. 


EVARISTO (APERTA OS OLHOS) - Meu rapaz para mim, quem quer mesmo trabalhar pega qualquer coisa… 


LUXO (INTERVÉM) - Qualquer coisa, nada. Meu irmão tem que trabalhar na área dele, engenheiro mecânico. Onde já se viu um Moraes trabalhar num botequim de esquina ou num restaurante xexelento de comunidade. 


EVARISTO (SORRI) - E foi de um lugar desses que eu te tirei Donatela. De um restaurante xexelento no centro da cidade.


LUXO (REVIRA OS OLHOS, INCOMODADA) - Para Eva, parece que tem o prazer de me lembrar das minhas raízes de pobreza e infelicidade. Credo, que infantilidade. Vou dormir. 


Ela vai direto para a escada, ela olha para Josean e faz um sinal para ele subir, ela sorri. Josean acena com a cabeça confirmando. 


JOSEAN (SORRINDO) - Bom, vou subir e dormir, amanhã tenho que sair e procurar logo um emprego não quero ficar nas costas de vocês. Boa noite seu Evaristo. Boa noite Mara. 


Mara puxa ele e dar-lhe um beijo. 


MARA (SORRI APAIXONADA) - Adorei a noite. 


Eles se beijam novamente. Evaristo pigarreia ao lado, como sinal de alerta para eles pararem, eles param e olham para Evaristo, que está encarando-os. Mara sorri, vai até o pai, beija-o no rosto. 


MARA (FELIZ) - Boa Noite paisinho. 


EVARISTO (SÉRIO) - Boa noite, minha filha. Depois quero conversar com você sobre isso.


Ele aponta para Josean, que desvia o olhar. 


MARA (SORRIDENTE) - Para pai, relaxa é só uma paquerinha. Calma. 


EVARISTO (APERTA OS OLHOS) - Na minha época isso se chamava safadeza, vigia Mara, vigia. 


Mara concorda com a cabeça e sobe ao seu quarto. Josean olha para Eva e se despede, Eva acena com a cabeça. Ele sobe para seu quarto. 


Nos corredores da mansão…


Josean anda pelos corredores olhando para o lado e para o outro, e não há ninguém. Ele segue até o fim do corredor para um quarto de hóspedes. Ele entra e Luxo está na cama deitada sexualmente com uma lingerie vermelha. Ela abre as pernas e ergue um chicote sexual e bate em sua coxa.


LUXO (SORRINDO, PROVOCANDO) - Agora é o show dos irmãos, sangue com sangue, pele com pele. Vem meu amor. 


Josean sorri, excitado.


__________________


CENA 8/MORRO BRANCO/GUARITA/NOITE/INT. 


Navalha, Marcos e Tania conversam. Eles estão tensos. 


NAVALHA (SÉRIO) - Essas são nossas regras da comunidade, então tem que obedecê-las. 


MARCOS (LEVANTE, CHATEADO) - Mas isso é uma absurdo! Como que as pessoas não têm direito de expressar sua fé na comunidade? Nunca vi tamanha atrocidade. 


DENTINHO (COM A PISTOLA NA MÃO) - Baixe o tom de voz pastorzinho, abaixe seu tom de voz! 


NAVALHA (TRANQUILO) - Essa é a regra dos crias. Aceita ou pega teu rumo e sai da comunidade, ou melhor sai da cidade… sinceramente pastor, ninguém quer saber sobre seu deus, sobre sua doutrina, sobre seu jesus. Queremos dinheiro no bolso, e paz na ordem da favela. 


MARCOS (OLHA NOS OLHOS DE NAVALHA) - Vamos ver quem é mais forte, sua pistola, seu arsenal de armas ou o meu Deus! 


Marcos e Navalha se encaram  sérios. Navalha olha para Dentinho e gargalha alto, os membros do grupo também gargalham. 


MARCOS (A TODOS) - Hoje vocês riem, mas vão ver o que meu Deus vai fazer nessa comunidade, vão ver. Vem missionária. Não temos nada o que fazer aqui.


Todos riem mais alto. 


NAVALHA (ATIRA PARA CIMA) - Vamos ver pastorzinho de araque, vamos ver! Hahah. Agora vem aqui sua gostosa que, esse merdinha aumentou minha adrenalina e tesão. Aumenta o som aí Carrapicho! 


O som de funk fica mais alto e esses dançam e se divertem. 


Corta para… 


CENA 9/CASA DO PASTOR/NOITE/INT. 


Laine está na sala, espera os pais muito preocupada. Eles abrem a porta e entram ela vai até eles. 


LAINE (ASSUSTADA) - Onde vocês estavam? Fiquei preocupada. 


TÂNIA (SERIA) - Fomos encontrar com aquele traficante que chamou seu pai na guarita. 


LAINE (GRITA, CHOCADA) - Vocês enlouqueceram? Como assim foram se encontrar com bandidos. Pelo amor de deus. 


MARCOS (SÉRIO, FOCA O OLHAR) - Não se preocupe princesa. A guerra entre o bem e o mal está declarada, eu não vou deixar de pregar o amor de Cristo por causa desse bandinho. Como Deus fez com Davi, onde lhe entregou a cabeça daquele gigante filisteu numa bandeja. Deus há de me dar vitória, pois ele não falha. Preparem-se e orem por proteção divina por que vamos precisar. Vamos começar um jejum para esse mês, para Deus entrar na frente e salvar essa comunidade do tráfico, das drogas e da prostituição.


TANIA (SORRI) - Deus está conosco, amém?


Os dois respondem: Amém! 


CENA 10/CASA DOS PALHARES/NOITE/INT. 


Manu chega em casa beirando a madrugada, ela entra e as luzes estão apagadas, ela acende a lanterna do celular, ela percebe que não tem ninguém em casa, ela acha estranho. Ela escuta o barulho da fechadura e corre para o seu quarto. Mauro, Bem e Mauri entram no local, eles acendem a luz. 


MAURO - Os dois para o banho,  escovem os dentes e vão para cama, amanhã vamos viajar cedo. 


Eles obedecem. Mauro vai até o quarto de Manu, entra, está tudo apagado. Ele acende a luz, Manu finge que dorme e está toda embrulhada. Ele vai até ela, observa por um tempo a filha. E passa a mão em sua cabeça com carinho, Manu fica imóvel e depois ela se mexe e fingindo olha para ele. 


MANU (FINGINDO) - Pai, o que está fazendo aqui? 


J. MAURO (SORRI) - Vim ver minha princesa, e saber se você comeu, passamos quase o dia todo fora.


MANU (SORRI FORÇADO) - Comi pai. Cheguei cedo não vi ninguém e fui direto para cama, achei que vocês estivessem no culto. 


J. MAURO (SORRINDO, ACARICIANDO OS CABELOS DA FILHA) - Você nem sabe o que aconteceu, Narinha passou muito mal e tivemos que levar ela para o hospital, está internada com dengue.


MANU (ERGUE-SE NA CAMA, ASSUSTADA) - Como? Ela está bem? É grave?


J. MAURO (TRANQUILO) - Ela está bem querida, foi só um susto, como ela ainda é pequenina tem que ficar em observação e sendo hidratada com soro, para se livrar mais rápido da doença,entre dois a três dias ela estará de volta… tem certeza minha filha que comeu, estou te achando tão pálida. Quer que eu faça um misto quente para você e aquele achocolatado que você ama. Quer?


MANU (SORRI) - Não pai, obrigado. Estou morta de sono. E a propósito você vai para São Paulo amanhã? Ou por conta da Narinha vai ficar? 


J. MAURO (SORRI) - Vou ter que ir sua mãe ficou chateada, mas tenho um trabalho importante para fazer na cidade, e também os meninos se prepararam para ir desde o fim do ano passado, então não seria justo com eles. Então, como amanhã vou sair cedo, resolvi passar aqui e te dar um beijo de despedida, ou melhor de até logo. Você quer que traga algo para ti de Sampa? (Ela balança a cabeça negativamente) Ok. Amanhã faça algo para comer e vá dar uma apoio a sua mãe no hospital, ela vai ficar sozinha e precisa muito de você. Tá certo? 


MANU (DESVIA O OLHAR) - Não me dou muito bem com ela, mas vou tentar. Amanhã, passo no hospital e visito a Narinha e converso com mamãe. 


MAURO (SORRI) - Então tá, minha princesa. Dorme bem, te amo e boa noite. 


MANU (SORRI) - Boa noite pai. Também te amo. 


Mauro sai do quarto, Manu fecha a cara, ficando séria.


CENA 11/RODOVIA RIO-SP/ÔNIBUS/MANHÃ/INT.


Amanhece no Rio, mostra a comunidade do Morro Branco, mostra os cartões postais da cidade, tal como o Cristo Redentor, o pão de açúcar, a orla da praia da Barra e Copacabana. Mostra ali uma rodovia, a Rio-SP, e foca num ônibus que se movimenta pela rodovia. Estão ali, Mauro sentado no lado da janela ao lado de outro passageiro, Maurício e Benício estão lado a lado nas poltronas, atrás da de João Mauro. João Mauro ergue-se na poltrona, e ver os filhos dormindo. 


MAURO (PRATICAMENTE SUSSURRANDO) - Meninos, acordem. Estamos perto da cidade que vamos fazer uma parada, vocês estão com fome?


BEN (BOCEJANDO) - Eu estou… 


MAURI (SONOLENTO) - Eu também estou. Mas no momento só quero ir ao banheiro. 


Ele solta - se do cinto de segurança, e vai em direção ao banheiro passando pelo pequeno corredor, ele entra no banheiro. 


João Mauro e Benício conversam. 


Na cabine do motorista…


O motorista conversa com seu companheiro de viagem e gargalha. No momento que ele olha para o companheiro, uma camionete faz uma ultrapassagem errada e entra na frente do ônibus evitando bater na traseira do veículo o motorista tenta desviar. Maurício está no banheiro sentado no vaso e sente uma forte movimentação do veículo que o joga para o lado. Ele acha estranho. O ônibus cai numa ribanceira e capota algumas vezes. Maurício é sacolejando na cabine do banheiro, ouve-se gritaria. Mostra-se Maurício desacordado dentro do banheiro do ônibus. 


“Passa-se uma cor esverdeada da na tela e o rosto de Maurício desacordado é fixado numa folha que cai de uma árvore ao soprar do vento.”


FIM DO CAPÍTULO. 


 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação

©2024. The Open Door. Todos os direitos reservados. PLÁGIO É CRIME!

bottom of page