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CONQUISTANDO O IMPOSSÍVEL - Capítulo 03

  • Foto do escritor: The Open Door
    The Open Door
  • 17 de abr. de 2024
  • 15 min de leitura


Web novela criada e escrita por: 

Ricky Nascimento



Web novela criada e escrita por: 

Ricky Nascimento


CAPÍTULO 3: "DOPADO"


No capítulo anterior:

Mauri desconfia do pai. Silvia se desespera ao ver que Narinha está muito mal, J. Mauro corre com ela para o hospital. Diogo fica irado com o atraso de Manu, Kaik e Luigi para a reunião. Luxo destrata uma mulher no shopping. Após uma discussão, J. Mauro consegue atendimento imediato para Narinha, Evaristo ajuda. Javi descobre que Davi está dopado de remédio, ele fica preocupado. A Família Santos descobre que Narinha está muito mal de saúde. 

Fique agora com o capítulo de hoje…


CENA 1/MÉIER/PASTELARIA MEXICANA MARTINEZ/TARDE/INT.


Mostra - se uma pastelaria, está repleta de movimentação. Amélia (CAMILA RODRIGUES) - 39 anos, está com uma bandeja na mão, ela passeia pelo salão. Mostra a cozinha do local, uma correria só. Bianca (BRENDA SABRYNA) anda para lá e para cá, montando os salgados, Pacco (FELIPE CUNHA) está na fritadeira tirando uns pasteis. Ao lado está, Biano (GUI SETA) sentado jogando no celular. Bryan (GUI VIEIRA) entra rapidamente no estabelecimento, ele está com chapéu com a logo da pastelaria e quando vê Biano sentado, jogando, ele fecha a cara. Ele dá um tapinha na cabeça dele. 


BRAYAN (REVIRA OS OLHOS) - Porra, Bianno! Sai da merda desse celular e ajuda a gente, não tá vendo que a pastelaria está lotada.


Bianno faz uma careta e ignora. Pacco observa a situação. Bianca chega até Bryan e entrega alguns pedidos. Pacco pega das mãos de Bryan e joga no colo de Biano. 


PACCO (CHATEADO) - Mexa-se,e vá entregar esses pedidos ahora! 


BIANNO (IMPACIENTE) - Eu, porquê eu? 


PACCO (REVIRA OS OLHOS, BUFA) - Por que eu estou ordenando! Andale! 


BIANNO (CHATEADO) — Poxa pai! Credo… não posso nem descansar um pouco. 


BIANCA (REVIRA OS OLHOS) - Aí garoto, para! Você não fez nada o dia todo, e quer descansar? Me poupe! 


AMÉLIA (APARECE COM UMA BANDEJA NA MÃO VAZIA) - Vamos, niños. A pastelaria está lotada! Sem tempo para conversa. Andale! 


Biano volta a jogar seu jogo no celular, contrariando seu pai. Pacco arranca o celular dele.


PACCO (BRAVO) - Ahora, Fabiano! Ahora! 


Biano fica de pé. Bryan entrega uma sacola com algumas entregas e sorri. Ele pega o boné que está com ele e coloca na cabeça de Biano, ergue os braços em direção a porta do estabelecimento. Biano fuzila ele com o olhar, e sai bufando. 


Corta para…


CENA 2/MÉIER/RUA/EXT. 


Biano vai pedalando a bike. Ele está com raiva e reclama. No momento que ele dobra a esquina, ele quase atropela uma moça, que vem caminhando com uma amiga. Andressa (BIA ARANTES) cai no chão, Biano para a bike, desce dela e vai ajudá-la, largado a bike. Andressa fica de pé com ajuda de Kelly (SOPHIA ABRAHÃO) 


KELLY (CHATEADA) - Você não olha por onde anda não, garoto? Derrubou, minha amiga!


BIANO (CABEÇA BAIXA) - Desculpe, não a vi. 


Ele ergue a cabeça, os olhos de Biano se encontram com os de Andressa, Biano fica encantado, nunca viu uma mulher tão bonita e encantadora em sua vida. Andressa ergue o cenho.


ANDRESSA (DESCONFIADA) - Iiiii… Gamou, pivete?


BIANO (BABANDO) - Eu… o quê?


KELLY (GARGALHA) - Vish amiga, o garoto ficou até desnorteado.


ANDRESSA (ESTALA OS DEDOS A FRENTE DO ROSTO DE BIANO)- Querido? Acorda! Estão levando sua bike corre lá!


Biano ergue o cenho confuso, olha em direção a bicicleta e vê que um garoto está furtando-a, ele está distante. Ele sai correndo gritando pega ladrão rapidamente. Andressa e Kelly riem alto.


KELLY (SORRINDO) - Viu o que cê fez! Deixou o menino tão impressionado por você, que até foi roubado o pobi. Ele até que é bonitinho…


ANDRESSA (VIRA-SE E SEGUE SUA CAMINHADA, APERTANDO OS OLHOS)- Credo Kell, esse menino deve ter uns 16 anos, olha a cara dele, parece que saiu do berço agora. Se eu ficar com um menino desses vou até presa. E mesmo assim estou conhecendo um boy magia aí, que só tu vendo.


KELLY (CAMINHA LADO A LADO DE DRESSA) - Ham! Quem? Amiga me diz…


ANDRESSA (CAMINHA RÁPIDO, GARGALHANDO)- Tu vai babar, sua loucaaa!


KELLY (CORRE ATRÁS DA AMIGA, GARGALHANDO) - Volte aqui e conte esse babado, sua pilantra!


Corta para…


Biano corre atrás do cara que roubou a sua bike, mas o perde de vista.


BIANO (OLHOS ARREGALADOS, OFEGANTE) - Puta merda, meu pai vai me matar, é hoje que eu morro de vez!


Corta para…


 

CENA 3/HOSPITAL PEDRO II/TARDE/INT.


Silvia vai até o médico rapidamente, assustada.


SILVIA (EMOCIONADA DESESPERADA) - Minha menina não doutor! Eu não posso perder minha filha, meu Deus!


Mauro abraça a mulher.


DR JULIO - Acalme-se, é grave, mas podemos reverter o caso… como ela foi atendida às pressas nos primeiros sintomas, podemos dizer que ela vai reagir bem aos medicamentos, o que já está acontecendo. Dengue é coisa séria, passamos por uma época chuvosa no estado e entre os meses de janeiro e Abril são os piores meses de reprodução do mosquito, e tenham toda precaução contra a dengue, chikungunya e Zika… todos os recipientes com água parada é uma fonte de proliferação do Aedes Aegypti, então por favor, a partir de hoje acabem com foco de contaminação em sua casa. Veja tudo e combata esse mosquito do mal.


MAURO (PREOCUPADO) -  Pode deixar doutor, assim que voltar de São Paulo, vou acabar com tudo que tiver de água parada lá em casa.


SILVIA (AFASTA-SE DELE ABRUPTAMENTE) - Como é que é! Você está pensando ainda em viajar ainda, com essa situação toda! João Mauro, por favor!


Mauro encara Silvia, Mauricio fica tenso.


Foco em Silvia.

________



MAURO (DESVIA O OLHAR) - Meu bem, tenho que ir, é trabalho… está tudo marcado para hoje, todo mundo está me aguardando… e não seria legal com os meninos, eles esperavam tanto essa viagem, vamos aproveitar o recesso de páscoa. 


SILVIA (BRAVA) - E a Narinha! Você não se preocupa com ela, João! Ela está em cima de uma cama com dengue, e você só pensa nessa maldita viagem!


MAURI (TENSO, ARREGALA OS OLHOS) - Mãe…


DR. JULIO - Senhora Silvia, não é para tanto… não se preocupe ela vai ficar bem e dentro de dois à três dias, ela irá receber alta. Então, não precisam se preocupar.


MAURO (CHEGA ATÉ A MULHER E TOCA EM SEUS OMBROS) - Ouviu o médico meu amor, não é nada que não se possa resolver. Tenho mesmo que ir, as contas não podem atrasar esse mês. Vai ficar tudo bem.


Mauro abraça a mulher que fica mais tranquila. Mauricio observa aquilo de longe e aperta os olhos, lembrando da resposta que Mauro evitou dizer sobre a possível amante.


Corta para…


CENA 4/MÉIER/CONDOMÍNIO CORAIS/TARDE/INT.


Javi está nervoso, vendo Davi desacordado. Ele vai até o jovem e tenta acordá-lo, está imóvel. Ele chega com o ouvido à frente de seu nariz, (Para ver se ele está respirando) ele respira, Javi percebe que ele dorme profundamente.


JAVI (ALIVIADO) — Ai ai, Davi até quando? Até quando vai ficar nessa situação, até quando vai ficar a mercê de seu pai homofobico e preconceituoso.


O telefone fixo toca. Ele atende imediatamente.


JAVI (TELEFONE) - Alô, quem fala.


NATALIA (OFF,V.O) - Oi meu filho, é mamãe…


JAVI (SORRI) - Oi minha mãe, como está? Estou definhando de saudades… como está o papai?


Corta Natália…


CENA 5/INTERIOR DO ESTADO DO PARANÁ/TARDE/INT.


Natália (CAMILA MORGADO) está sentada vendo tv, no entanto fala com o filho. No mesmo instante entra um jovem, carismático e bonito carregando uma mala. 


HEITOR (GUILHERME LEICAM)- IÔ, tia! Teu sobrinho querido chegou…


Natália vira o rosto feliz para o sobrinho.


JAVI (OFF) - Quem é mãe… pela voz parece que é Heitor…


NATALIA (SORRIDENTE) - Sim filho, Heitorzinho, veio passar uns dias aqui com sua mãe, chegou hoje de Porto Alegre. 


HEITOR (FELIZ) - É Javier?


NATALIA (SORRIDENTE) -  Sim…


HEITOR - Posso falar com meu primo querido?


NATALIA (ENTREGA O CELULAR PARA ELE) - Claro, Heitorzinho.


HEITOR (PEGA O CELULAR) -  Bah tchê, a quanto tempo… como você está?


alternativa de cena.


JAVI (SORRI FORÇADO) - Oi, Heitor… estou bem, e você?


HEITOR (OFF, V.O) - Cheguei agora de POA, estou aqui com a tia, tchê!


Heitor gargalha.


alternativa de cena.


HEITOR (SÉRIO) - Ei guri, queria papear com você sobre minha situação, bah!


JAVI (OFF,V.O) - Pode falar, primo. O que tá pegando? 


HEITOR (AFASTA-SE DE NATÁLIA, PARA TER MAIS PRIVACIDADE COM JAVI) - Bah tchê,  estou abichornado com minha mãe. Ela vive me chineleando, está muito bucha, guri. Tenho que me arrumar na vida, terminei com a guria lá, ela era muito grude e meio ranheta e chata, mandei pastar… e tu guri, como tá as prendas. 


alternativa de cena.


JAVI (OLHA PARA DAVI QUE BABA EM SUA ALMOFADA, MUDA A FEIÇÃO ROSTO) - Hã, está bem, colega… Mas por que a tia Nina está assim com você? Ela não pegaria no teu pé à toa, heitor.


HEITOR (OFF, V.O) - Guri, ela está encucada com umas coisas que andam falando de mim, bah! Então, queria sua ajuda, tchê. Preciso sair daquele lugar e viver longe daquela chatice. Quero praia, calor, prenda carioca e muita cachaça.


JAVI (REVIRA OS OLHOS) - Heitor, eu não tenho tempo para isso, sabe que estudo e trabalho. e mesmo assim, sabe que sou gay. Nada de prenda meu mano, não rola.


Há um silêncio, Javi pensa que a ligação caiu.


JAVI (FRANZE A TESTA) - Heitor, alô… Heitor?


NATALIA (V.O) - Oi filho, não sei o que aconteceu ele me deu o telefone e correu para o banheiro, acho que a comida da viagem lhe fez mal.


JAVI (REVIRA OS OLHOS) - Sei… mãe. Estava bem até eu falar que sou gay, affs!


NATALIA (AR PREOCUPADO, V.O) - Oh meu bem, dê um tempo a ele, vocês eram muito unidos quando eram crianças, nem todo mundo aceita a sua orientação sexual. Lembra como foi difícil para o seu pai? 


JAVI (SUSPIRA INCOMODADO) - Ah… ai mãe, que chato isso. As pessoas da minha família olhar pra mim, e ver um estranho. Mas eu sou o Javier, o verdadeiro Javier. 


NATÁLIA (OFF, V.O) - Eu sei meu filho… o que importa é que eu e seu pai, te amamos muito, independente de você ser gay ou não. Você é meu filho e quero sempre sua felicidade. Então aquieta seu coração, Heitorzinho vai entender. Pena que seu pai está fora da cidade para falar com você querido. Esses dias ele estava perguntando sobre você, ligamos para ti e nada. 


JAVIER (OLHANDO DAVI, QUE MEXESSE NO SOFÁ) - Estava bem ocupado essa semana, só tive um tempinho na sexta e hoje está uma correria. 


Alternativa de cena. 


Heitor vem do banheiro, com a mão na barriga. 


NATÁLIA - E o Davi? Ele está bem? 


HEITOR (COM ROSTO BRANCO, PARECE QUE VOMITOU) - Bah tia, pede desculpas ao primo Javi, é que a comida me fez mal, depois eu falo com ele. 


Natália acena para ele. 


JAVI (OFF, V.O) - Mais ou menos mãe, está cada vez mais difícil manter nosso namoro às escondidas, ele não tem coragem de contar e enfrentar o pai homofóbico, e vive se entupindo de remédios. Eu já havia conversado com ele sobre isso, me disse que tinha parado de tomar essas merdas, mas hoje chegou aqui em casa e caiu no meu sofá, dopado. 


NATÁLIA (PREOCUPADA, TENSA) - Meu Deus querido, ele tem que parar com isso. Não adianta se dopar de remédios, tem que enfrentar o pai, e assumir logo que namora você e que se amam. 


Heitor aperta os olhos ao ouvir a última frase. Ele fecha a cara. Pega sua mala e vai em direção a um dos quartos. 


NO ANTIGO QUARTO DE JAVIER…


Heitor entra no quarto, solta a mala na porta. Ele olha para o nada.


HEITOR (CHATEADO) - Então, o guri é viado! Bah! Que merda! Vai ser difícil conviver com esse viadinho. Mas meus planos não podem parar. Tenho que fazer o que tem que ser feito, tudo pela causa!


Foca no rosto de Heitor. 


Corta para…


CENA 6/RIO DE JANEIRO/MÉIER/CASA DE DEUSA/SALA/INT. 


Deusa (CÁSSIA KIS) está costurando em uma máquina caseira antiga. Ela está focada. Gael (ENZO KRIEGER) entra com sua bola. 


GAEL (ABRAÇA A MÃE) — Mãe, a tia Cosma te mandou um beijão. 


DEUSA (SORRIDENTE) — Meu amor, na próxima vez que vê-la, fale que eu vou visitá-la logo logo. E você estava na rua até agora e nem veio almoçar, porque mocinho? 


GAEL (INDO A GELADEIRA E BEBENDO ÁGUA) - Desculpa mãe, estava ocupado com a galera, campeonato no bairro, não podia perder. 


DEUSA (PARA A COSTURA) -  E o colégio? Faz o trabalho que era para fazer? 


GAEL (REVIRA OS OLHOS) - Não mãe, o campeonato é mais importante. Depois eu faço. 


DEUSA (LEVANTA) - Nananinanão! Você vai já tomar um banho e vai pro quarto terminar o trabalho, que é para amanhã. 


GAEL (BRAVO, BATE O PÉ NO CHÃO) - Mas mãe. Já disse que não é para mexer nas minhas coisas, nam! 


DEUSA (BRAVA) - Gael Morais, faça o que estou mandando. Você nunca teve mãe para te educar, mas eu sou sua avó e você me deve respeito. 


GAEL (REVIRA OS OLHOS, BRAVO) - Precisava lembrar da Luxo? Ou melhor, Dorotéia Correia? Eu não pedi para nascer daquela mulher não mãe, e também não pedi para ser jogado nas suas mãos para te dar trabalho. Eu tenho que ir embora dessa casa mesmo. 


Gael vai em direção a porta, para sair novamente, Deusa pega em seu braço, forte. Eles têm contato visual. Deusa puxa o menino e agarra ele em um forte abraço. 


DEUSA (EMOCIONADA) - Eu te amo meu neto. Você foi a melhor coisa que a Doroteia me deu todos esses anos. Você preenche o vazio que ela deixou. E não fale mais que você me dar trabalho, eu dedico os fins dos meus dias a você. 


GAEL (ABRAÇA ELA FORTE EMOCIONADO) - Não fala isso, mãe. Que fim de dias o que? Você nunca irá morrer… nunca. 


DEUSA (CHORANDO) - Mas eu já estou velha meu filho, já tenho 80 anos, estou cansada, nem costurar consigo direito. Acho que está chegando a hora de eu descansar… são 8 décadas de luta. 


GAEL (GRITA, CHORANDO) - Xiu, não fala isso senhorita Deusa. Você está enxutinha ainda, vai viver muitos anos… chuto uns 120 anos.


Eles se separam. 


DEUSA (SORRI EMOCIONADA) - Hoje em dia, quase ninguém chega a esses anos meu filho. 


GAEL (SORRI) - Quem disse? Você é nordestina arretada, nordestino vive mais de 100 anos no mundo. E isso irá acontecer com você também. 


DEUSA (GARGALHA, ABRAÇA - O NOVAMENTE) - Meu menino bobo. E não pense que esqueci de seu trabalho escolar não, vá tomar banho, almoçar e fazer o dever de casa. Já disse que não quero você descuidando dos estudos. 


Gael separa-se dela, revira os olhos. 


GAEL (INDO EM DIREÇÃO AO BANHEIRO) - Tá bom, sargenta Deusa. Vou fazer o que mandou. 


Ele entra no banheiro e o tranca. 


DEUSA (BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE, SORRINDO) - Tá bom, senhorio Gael. Ver se não fica fora do chuveiro gastando água, pois a conta de água e luz vem pela hora da morte.


GAEL (grito, abafado, off) - Tá bom mãe. Já entendi…


Deusa volta a costurar e maneia a máquina com cuidado. Ela sorri. 


Foco na máquina trabalhando. 


CENA 7/MÉIER/MORRO BRANCO/RUA/EXT.


Um caminhão de mudança para em frente a uma casa, na comunidade do morro branco. Desce primeiramente um homem alto com camisa e calça social. Ele vai junto com o motorista até a traseira do veículo. Depois desce uma mulher com saia até o joelho e com blazer florido e após uma menina com saia rosa, aproximadamente uns 16 anos. Elas vão para calçada e observam a casa que tem 2 andares. 


TÂNIA (LETÍCIA SPILLER) (SORRINDO) - Enfim chegamos ao Rio, e essa vai ser nossa nova residência, minha filha. Vamos evangelizar toda essa comunidade, eles precisam ouvir o evangelho da salvação. 


LAINE (LETÍCIA PERONI) (FELIZ) - Sempre quis morar no Rio, inda bem que vamos passar um tempo nessa cidade. Vou ajudar meu pai. 


Ela vai em direção a traseira do veículo. E ajuda o pai. Ouve-se pegadas firmes e foca em dois homens se aproximando, um está cheio de tatuagem até o pescoço, e está com a mão na pistola que está dentro de sua bermuda. O outro está com um fuzil na mão erguido. Eles estão com a feição de raiva. Chegam até eles. 


DENTINHO (RONNY KRIWAT) - Boa tarde. 


Os três olha para trás e o motorista do caminhão fica assustado ao ver as armas de grosso calibre. O pastor Marcos (MARCELLO NOVAES) fica tranquilo, Laine fica perto do pai, meio intimidada. 


NAVALHA (PEDRO LEMOS) - São novos na comunidade, tem que passar pela gente primeiro para poder ter permissão de morar ou mudar para comunidade. Sorte que não fuzilamos o caminhão, pois creio eu que que vocês não sabiam. 


PR. MARCOS (SÉRIO) - Não, não sabíamos sobre essa regra, viemos do Norte e chegamos hoje. 


DENTINHO (SORRI) - Pelo jeito manso de falar e de se vestir, deve ser pastor. Hahah 


Os dois riem, Marcos fica sério. 


NAVALHA (PERCEBE O DESCONTENTAMENTO DO PASTOR, E FECHA A CARA, OBSERVA-O SÉRIO) - Qual foi, pastorzinho? Num vem com essa cara de desdém que nós te dar uma porrada. Pensa que é quem? 


MARCOS (INABALÁVEL, FIRME ENCARANDO ELE) - Meu amigo, nós não estamos procurando problema. Estamos só de mudança, na paz. 


Tania aparece ali, sem entender nada. 


TANIA (FRANZE A TESTA) - Algum problema, amor. 


Ela percebe Dentinho e Navalha na sua frente, e olha para eles sem medo algum. 


TANIA (FIRME) - Bom dia senhores. 


NAVALHA (SORRI, OBSERVANDO AS CURVAS DA MULHER) - Ótimo dia, princesa. 


Pega o fuzil e ergue até os seios de Tânia, Marcos pega na ponta do fuzil e desvia a atenção de Navalha e Dentinho para ele. 


MARCOS (BRAVO) - Respeite minha mulher. Por favor. 


Navalha e Dentinho se entreolham com os olhos arregalados,chocados com a astúcia de Marcos e a falta de temor dele. 

__________________________________________


Os ânimos estão tensos, o motorista fica imóvel assustado temendo ser vítima ali, pois a atitude de Marcos pode levar os bandidos a matar os 4 ali, ele fica tremendo, e começa a rezar. Dentinho e Navalha se olham e gargalham alto. 


NAVALHA (RINDO, DESCE O FUZIL) - O pastorzinho é astuto, corajoso. 


DENTINHO (RINDO) - É um comédia mesmo, esse cara. 


Ele vê Tânia e Marcos sérios olhando para eles. 


DENTINHO (APONTA PARA UMA TORRE ALI PERTO, É TIPO DE VIGILÂNCIA, NO MEIO DA COMUNIDADE) - Está vendo essa torre ali, queremos você lá, daqui a pouco para termos uma conversinha. 


Laine abraça o pai chorando com temor. Ele pede para ela se acalmar. 


NAVALHA (DESDENHA DO SOFRIMENTO DE LAINE) - Calma princesinha, vamos só conversar com seu pai, da-lhe as boas vindas a nossa comunidade. 


Ele olha pra Dentinho e sorri, misteriosamente. 


DENTINHO (ENCARA MARCOS) - Às 20:30 na guarita, se não vir viemos te buscar. Entendido? 


Marcos maneia a cabeça confirmando. Eles olha para as pernas de Tania e saem andando. Marcos fica firme. 


MOTORISTA (AMEDRONTADO) - Moço, você é maluco? Como você encara bandidos assim? E ainda pega no fuzil dele, ele poderia matar todos nós e eu tenho uma filha pequena para criar. 


MARCOS (TRANQUILO) - Relaxa Amadeu, nós temos um Deus que tudo pode, por que temer se Deus mandou nós vir para essa comunidade… saímos lá de Manaus no Amazonas para fazer missão nesta cidade. E se Ele mandou, e

Ele sabia de todas as provações que poderíamos passar. Ele não dá uma cruz maior que não podemos carregar. Deus está na frente meu amigo. 


AMADEU (SORRI, ABRAÇANDO O HOMEM) - Sim, Ele está com vocês, pastor. Ele está. 


Marcos e Tânia se olham sorridentes. Laine se acalma e sorri. 



Horas depois… 


CENA 8/HOSPITAL PEDRO II/NOITE/INT.


Silvia está sentada na recepção, sozinha. O hospital está quase vazio. Benício, Maurício e João Mauro chegam ali. Benício faz uma quentinha e entrega à mãe. Mauro está com uma mochila com roupas. 


MAURO (TENSO) — Meu amor, tem certeza que vai dormir nesse hospital, vamos pra casa. 


SILVIA (CANSADA) — Tenho, eu não arredo o pé daqui, até minha filha ficar boa. Você deveria fazer isso também e evitar ir para São Paulo, pelo menos por agora. 


MAURO (OLHA PARA OS MENINOS) — Meninos deixa-me a sós com sua mãe. 


Eles saem. Mauro pega nas mãos de Silvia. 


MAURO (PRATICAMENTE SUSSURRANDO) — Eu já te expliquei meu bem, tenho que ir, está quase vencendo as contas e as coisas de casa estão acabando. Como você vai cuidar da Narinha sem comida, sem os remédios necessários? 


SILVIA (CHORA, INCONFORMADA) — Não sei João, eu me viro em duas, faço cocadas a madrugada toda se for preciso, mas fica com a gente. 


MAURO (CONFUSO) - Mas por que você está assim? A Narinha requer cuidados, mas está fora de perigo de morte, você ouviu o médico. E mesmo assim, quantas vezes fui para São Paulo e você sempre concordou, de eu trabalhar por lá. 


SILVIA (COM A MÃO NO PEITO) — Sinto um mal-estar, um aperto no coração que nunca senti na vida, quando penso nessa sua viagem e ainda levar os meninos. 


MAURO (GARGALHA, SILVIA FICA SEM ENTENDER) — Oh, meu amor, para com isso. Vai ficar tudo bem, sempre deu tudo certo.  E desde quando você é sensitiva e acredita nesse negócio de prelúdio… você num é da igreja? Está um pouco afastada mas tem uma fé inabalável na igreja cristã. Então pare com isso, que esse negócio de prever o futuro e de sensitivo é coisa do bicho ruim. (faz um chifre com os dedos) 


SILVIA (RI,TENSA) — Para João, você sabe que não acredito nessas palhaçadas mas sei lá, sinto uma angústia inexplicável…


Ele senta ao seu lado e pega em suas mãos. 


MAURO (SORRINDO) — Deve ser por conta disso tudo que está acontecendo com a Ioná. Você está com o coração aflito e por isso está assim, sentindo essas coisas. É coração de mãe, sempre irá sentir isso, e isso é normal, é amor pelos seus. Então acalma esse seu coração, quando vir de São Paulo vou te fazer uma bela surpresa, você vai gostar. 


Silvia franze a testa. 


SILVIA (CURIOSA) — Que surpresa amor, o que está aprontando?


MAURO (FAZ ZÍPER IMAGINÁRIO A FRENTE DA BOCA) — É surpresa, senhorita nervosinha. No fim de semana você descobrirá… agora deixa eu ir que amanhã às 5 da matina eu estou indo para Sampa, mas antes eu passo aqui e dou um beijo em você e na Ioná. Ok?


Silvia concorda com a cabeça. Maurício e Benício reaparecem. Ela chama eles para perto dela. 


SÍLVIA (SORRI, OS FILHOS SENTAM CADA UM COLO DELA) — Não vão dormir tarde mexendo no celular, não estou lá, mas o pai de vocês vai ficar de olho. E pelo amor de Deus sem brigas. Cuida de seu irmão Maurício. 


BENÍCIO (RI) — Ei, só por que ele nasceu 2 min antes de mim, não quer dizer que é mais responsável que eu. Eu sei me cuidar sozinho. 


MAURO (GARGALHA) — É sabe mesmo… hahah. 


BEN (GARGALHA) — Pai, tem que ficar do meu lado, hahaha! 


A Família toda ri. Silvia tenta acalmá-los porque estão num hospital e fazendo barulho. 


SILVIA (PARANDO DE RI, FICA SÉRIA) — E Manuela? Ela já está em casa. 


Mauro fica sério. 


Corta para…


CENA 9/CENTRO/PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO/NOITE/INT. 


Ocorre um atentado contra a prefeitura, que está vazia. Há depredação do local, mostra Manu com uns coquetéis molotov na mão, ela está com máscara de meia, ela divide os molotov com os colegas.


MANU (GRITA) — Vamos colocar fogo nesse lugar com tudo dentro! 


Ela sorri. Olhando para Luigi que está ao seu lado.


“Passa-se uma cor esverdeada na tela e Luigi e Manu são fixados numa folha que cai de uma árvore ao soprar do vento.”



FIM DO CAPÍTULO. 


 
 
 

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